I Co 9:22 “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”.
É este princípio que vemos atualmente? Não! Mas uma caricatura. Muitos dos que se dizem “evangélicos”, distorceram completamente o que Paulo disse, de modo que, hoje, a frase deles soa assim: “Fiz-me gay para atrair os gays. Fiz-me lutador de vale-tudo para ganhar os lutadores de vale-tudo, com o fim de salvá-los do mundo e colocá-los dentro de uma igreja mais mundana ainda”.
Infelizmente foi isto o que vi num programa de televisão esta semana que mostrava a diversidade de congregações que tem surgido no meio evangélico. Tinha a “Igreja dos gays”, “Igreja dos lutadores”, e de tudo quanto é tipo, mas a única coisa que não apareceu foi a “Igreja de Cristo”. Claro que não, já que igreja é a noiva de Jesus, isto aí pode ser uma meretriz, uma prostituta, mas não a esposa do Cordeiro. E num destes lugares o culto era precedido por uma luta de vale tudo. Segundo o pastor responsável, esta era uma estratégia para conseguir trazer para a igreja um tipo de pessoa que jamais iria numa igreja convencional. Enquanto ouvia esta loucura, eu pensava: “Que oração eles fazem antes do pau quebrar?
Senhor, abençoa-me nesta luta para que pela tua graça eu possa quebrar o meu irmão bem no meio.
Sendo assim, muitos estão ganhando o mundo, mas perdendo a alma.
Entretanto, minha preocupação não é com estas e sim com as igrejas verdadeiras, mas que sem perceber, muitas vezes, se encontram interpretando equivocadamente o versículo citado acima, e então com atitudes não tão escandalosas também são acusadas de serem carnais em suas estratégias evangelísticas. Pois ficamos tão preocupados em ter a música, o jeito de falar dos ímpios que esquecemos o que realmente pairava na mente do apóstolo Paulo. Além do mais, estas coisas as pessoas podem conseguir em outro lugar. Ou você acha que eles trocarão boa música ímpia por musica ruim evangélica? Que abandonarão lixo mundano por lixo religioso? E ainda que nossa música tenha qualidade, as pessoas invariavelmente vêm até nós procurando o que não encontram lá fora, no entanto se o que temos a oferecer são apenas coisas mundanas com cara religiosa, o máximo que conseguiremos fazer é encher nossos prédios, mas jamais traremos avivamento.
Não se deixe enganar pelo pensamento comum de achar que conquistaremos o mundo sendo iguais a ele, sendo que a verdade é que a nossa singularidade será o grande instrumento de atração. No início do século passado o Brasil viveu um grande avivamento experimentado pelas igrejas Assembléia de Deus. Era tanto poder e glória que a igreja cresceu bastante, de forma que muitos brincavam: “Em qualquer lugar do Brasil você pode ver uma máquina de coca-cola e uma igreja Assembléia”. Mas eles eram o oposto dos ímpios. Com saião, músicas diferentes e um estilo totalmente particular de ser, eles realmente conquistaram o mundo. Por quê? A unção de Deus!
As seitas crescem com um bom marketing religioso e através de estratégias bem elaboradas, mas a igreja verdadeira e o mover de Deus é loucura para os homens, vindo quase sempre através de pescadores. Fale a verdade, era uma boa idéia comissionar Pedro e aqueles demais discípulos para ganharas as nações? Ao escolher gente desprezada, de uma região mais desprezada ainda que tipo de identificação nosso Mestre fez com o pomposo império romano? Naturalmente falando, foi à pior coisa que Jesus realizou. Mas esta é a questão, a igreja não é natural e sim sobrenatural.
João Batista foi outro que era totalmente antagônico a tudo e todos. Comia gafanhotos, se vestia com pele de camelo e morava no deserto, no entanto diz a bíblia que: “Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão” (Mc 1:5). Isto sim é que é glória, isto sim é que é igreja, a igreja do deserto.
O que Paulo quis dizer então ao afirmar “fiz-me tudo para com todos”? Ora, a melhor maneira é deixar a bíblia explicar a própria bíblia, ou seja, comparemos o que Paulo falou com o que Paulo fez. Em At 13 ele pregou para os judeus e usou como base o Antigo Testamento, já que esta era a bíblia que eles liam. Mas em Atenas Paulo anunciou o evangelho mostrando Deus através da criação, pois os gregos não conheciam e possivelmente nem reconheciam a Bíblia como a palavra de Deus. Portanto, me fazer de judeu, gentio ou seja lá o que for é falar a mesma mensagem de forma diferente, usando uma linguagem que se adéqüe a cada um dos grupos.
Note qual foi o método de pregação utilizado por Paulo em Corinto, uma das cidades da Grécia: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (ICo 2:4-5). Os gregos eram conhecidos pelos seus discursos recheados de persuasão e todas as técnicas da oratória, tendo Demóstenes como um daqueles que mais dominavam a arte de falar em público. Mas o apóstolo chega e diz: “Vocês gostam de oratória, mas o que eu lhes dei foi o poder de Deus”. Neste sentido Paulo foi o avesso do que eles eram, e exatamente por isto, muitos se converteram, pois orador por orador, eles tinham Demóstenes.
Quando Deus quis chamar a atenção de Moisés Ele pegou uma sarça e tacou fogo nela. Mas o que realmente surpreendia era o fato de que mesmo em meio às chamas ela não se consumia. Sendo assim, o que fascinou o homem usado para abrir o mar vermelho não foi aquele montinho de mato propriamente dito, que era um tipo de arbusto, meio sem graça, desprovido de beleza e muito comum naquela região, e sim o milagre do fogo o grande atrativo de Deus.
Mas se esta missão de buscar Moisés fosse dada a muitos pastores atuais, a história seria outra. Primeiro, eles fariam uma pesquisa de opinião publica para saber o gosto do cliente, depois embelezariam a sarça revestindo o produto com um belo rótulo e por fim uniriam tudo isto a uma grande chamada: “Venham! Temos sarças de todos os tipos. Nossa missão é agradar você, mesmo que isto desagrade nosso patrão. Afinal, o cliente tem sempre razão”.
E então? Somos o que? Uma sarça bem bolada, arrumadinha e marqueteira ou um sarça que pega fogo?
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