O jornal inglês The Guardian voltou a tocar em um assunto considerado “tabu” dentro da Igreja Católica: o império secreto construído pelo Vaticano graças à sua relação com o ex-ditador italiano Frederico Mussolini.
Esse conglomerado inclui, por exemplo, a rede Bulgari, de joalheiros de luxo, o banco de investimentos Altium Capital e o Pall Mall.
As empresas e propriedades do Vaticano seriam fruto de uma fortuna entregue por Mussolini em 1929, em troca do apoio papal ao regime fascista italiano, chamando o ditador de “homem de Deus” e posteriormente dando apoio similar a Hitler.
O papa Pio XI recebeu em troca terras para a criação do Estado independente do Vaticano, além de ações das empresas automotoras FIAT e Alfa Romeo, entre outros bens.
Segundo o jornal inglês, o valor internacional do pecúlio ocultado por empresas estabelecidas em paraísos fiscais ultrapassa um bilhão e meio de reais hoje.
Em 2006, no auge da bolha imobiliária europeia, o Vaticano passou a investir em prédios comerciais luxuosos no Reino Unido, na França e na Suíça.
O Guardian comentou extensivamente como o Vaticano tem usado a empresa britânica GroLux Investments Ltd, registrada em nome de dois banqueiros católicos: John Varley, executivo-chefe do Barclays Bank, e Robin Herbert, ligado ao banco comercial Joseph Leopold. Procurados pelo periódico, a resposta de ambos foi “não estou autorizado pelo meu cliente a fornecer qualquer informação.”
O controle final do que é chamado de “império secreto” é da empresa suíça Profima, que na época da Segunda Guerra foi acusada de “engajar-se em atividades contrárias aos interesses dos Aliados”. O financiador do papa na época era Bernardino Nogara, que controlava os investimentos feitos com o dinheiro doado por Mussolini.
No início da guerra, em 1943, os britânicos acusaram Nogara de “lavagem de dinheiro”, ao manipular as finanças do Vaticano para servir a “estranhos fins políticos”.
Foi nessa época que Nogara criou a empresa de seguros Praevidentia, da qual participaram diversos senadores italianos adeptos do fascismo. Também – existiria a cumplicidade do papa na guerra de ocupação da Etiópia pela Itália (1935) ao fornecer armas ao Exército italiano por meio da Officine Meccaniche Reggiane, outra empresa criada com o fim de levantar capitais. Tudo isso em conseqüência do apoio mútuo chamado “Pacto de Latrão”, quando Mussolini reconhece o Estado do Vaticano e regulamenta seu sistema financeiro.
De acordo com um relatório do ano passado do Conselho da Europa, os ativos da unidade comandada por Mennini excedem 680 milhões de euros.
O The Guardian procurou o núncio apostólico, o arcebispo Antonio Mennini, porque o papado continua mantendo segredo sobre seus investimentos bancários. O motivo da investigação era a crise de confiança nos bancos europeus atualmente, mas o porta-voz da Igreja Católica Romana disse que não tem nenhum comentário a fazer sobre o assunto. Com informações The Guardian e Gospel Prime.
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