Um lar perfeito é um lar onde as imperfeições são perdoadas.
Leia - Lc 15:11
Temos aqui uma das histórias mais conhecidas da bíblia, a parábola do filho pródigo. Jesus a contou para explicar o amor do Deus-Pai pela humanidade. Agora, é sem sombra de dúvida que também podemos aplicá-la para a nossa família, fazendo de Deus o exemplo de como um pai deve ser.
O tema desta parábola é a misericórdia, o perdão, a reconciliação. Quantos de nós não estamos sempre precisando perdoar alguém ou necessitando de perdão? As maiores angústias da vida se dão com pessoas e as pessoas que mais nos magoam são aquelas que fazem parte da nossa família. Se quisermos ter uma família feliz precisamos aprender com esta parábola algumas lições:
1-Esteja com a porta sempre aberta
Seja para sair ou para retornar. Primeiro, vamos falar da porta aberta para sair. O pródigo queria sair para viver dissolutamente, com prostitutas e orgias. O que o pai diz para ele nesta hora? Ele olha para o garoto e diz: “Fica menino, eu não concordo com isto, mas prefiro você aqui”? Não, o pai abre a porta e deixa o garoto ir embora.
Somos ensinados pelo mundo que amor é aceitar tudo que nossos familiares fazem, mas isso não condiz com o ensino bíblico. Dt 21 mostra que o filho que permanecia em rebeldia, que mesmo após ser disciplinado não queria obedecer, deveria ser apedrejado até a morte. Algumas pessoas dizem: “Deus não rejeita ninguém!”. Onde leu isto? Só se for em pára-choque de caminhão porque na bíblia há inúmeras passagens dizendo o contrário: “Disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado” (I Sm 16:1).
Entretanto, o mesmo Deus que não tolera o pecado, também aceita o pecador arrependido (Ex 34:7, Sl 85:10). Ou somos tolerantes demais ou rígidos demais, porém precisamos aprender a ser como Deus, que nunca negocia com o pecado, ao mesmo tempo em que é misericordioso com aquele que se arrepende.
Basta o pródigo apontar no horizonte para o pai correr em sua direção com braços de misericórdia. “O perdão é coisa dos fracos”, dizem alguns. Mentira, a vingança é que é. Você não precisa se esforçar para ser vingativo, basta agir naturalmente e é isto que fluirá de você, agora se quiser perdoar, será necessário lutar contra a sua própria natureza. Porém, se perdoar é difícil, só existe uma coisa mais difícil do que o perdão; não perdoar.
O que o paralitico mais anseia? De pernas. O que o cego mais necessita? De olhos. E o que o pecador mais precisa? Perdão. É só depois de falar muito sobre perdão em Mt 18 que Jesus fala sobre divorcio em Mt 19, para mostrar que se lermos bem MT 18, dificilmente precisaremos de Mt 19.
O perdão é uma santa amnésia: Jr 31:34 “dos seus pecados jamais me lembrarei”. Precisamos sempre nos lembrar de esquecer as maldades que os outros fazem contra nós.
E na igreja, que é a nossa família, não pode ser diferente: não podemos aceitar o pecado, mas temos que perdoar e levantar o pecador arrependido. Se um irmão não ouve o que dizemos e decididamente não quer seguir o que ensinamos, não podemos tolerá-lo, temos que abrir a porta e permitir que ele vá. Agora, com o pecador arrependido, aquela pessoa que sabe dos seus erros e está lutando contra eles, este nós o levantaremos quantas vezes for necessário, até 70×7.
Sabe um sinônimo de misericórdia? Paciência. Em, I Co 13, ao definir o que é o amor, Paulo começa dizendo que ele é paciente. “Amor não é um sentimentalismo barato, mas uma atitude firme de caráter”. Não é olhar para uma moça linda com aquele vislumbre de paixão, é antes ver seu filhinho comente o mesmo erro novamente e repreende-lo firmemente, mas sem perder a razão, é antes, perdoar novamente seu marido pelo sapato deixado no meio da sala.
As pessoas acham normal serem ríspidas com seus familiares. O lar é o lugar onde as pessoas fogem quando estão cansadas de ser educadas. o individuo passa o dia todo ser atencioso e educado no seu trabalho com pessoas que ele nem conhece, mas ao chegar em casa trata sua família de qualquer jeito. Diz o texto que o pai correndo, abraçou o beijou o filho. A graça também se materializa assim: Alguns dizem: “É, mas o amor não é só dar beijo e abraço”. Claro que não, mas se você não consegue nem ao menos isto, o que fará pela sua família?
Um lar perfeito é um lar onde as imperfeições são perdoadas.
2-Se reconcilie com confissão e perdão
No culto do A.T havia pelo menos dois sacrifícios diários. Na oração diária do pai nosso Cristo coloca ao lado do pão nosso de cada dia o perdoa-nos a todo dia, para mostrar que não há como se relacionar diariamente com Deus a não ser através do perdão. Ora, com nossos irmãos e familiares não é diferente.
O pródigo volta, confessa seu pecado e pede perdão. Não adianta só voltar e fingir que nada aconteceu. As magoas não são resolvidas com o tempo e sim com a confissão e perdão.
E não pode ser qualquer confissão: “Óh, desculpa aí, véio”. Não, o pródigo faz uma das confissões mais fantásticas de toda a bíblia. Ele se humilha completamente ao ponto de falar para o seu pai nem o considerá-lo como filho a partir daquele dia. No A.T para confessar pecado os judeus vestiam pano de saco e jogavam cinzas sobre si. A confissão não pode ser com a roupa e a cara do orgulho, mas com as vestes da humildade.
3-Valorize o que tem
Lc 15:17 diz que ao estar longe o pródigo se lembrar do pai e fica arrependido. Foi só depois de estar distante do pai que ele viu o valor do pai. Não é exatamente assim com muitos de nós? É só depois que o menino vai para a faculdade que dizemos: “Ah, eu queria tanto ter mais um pouco de tempo com ele”, só que enquanto o menino estava ali e a chamava para brincar, a mãe dizia que estava sempre ocupada demais. É só depois que o pai morre, que muitos filho choram e manifestam todo o amor que sentiam. Não faça isto, não espere perder alguém para que daí então você veja o valor dela.
Além disso, valorize as pessoas ao invés do dinheiro. O pródigo trocou seu pai pela herança. Muitos trocam sua família por causa de um emprego distante, apenas pensando no dinheiro. Muitos trocam seus filhos por várias horas extras.
4-Seja um conciliador
Com a volta do pródigo é posto a tona a revolta do irmão mais velho. Porém, o que se diz é que o pai tentava “conciliá-lo”. Bem-aventurados os pacificadores, disse Jesus. “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens (Rm 12:18), disse Paulo. Um, já é um numero muito grande pra ter como inimigo”. Ser pacificador é ser alguém que releve os erros dos outros, não dá muita importância para com as falhas e que tenta sempre ver o lado bom da coisa ao invés do pior. E esta conciliação tem que partir de nós (Mt 5:23-24).
Eu não posso garantir um final feliz para ambas as partes. Por que a você cabe estender a mão, mas somente ao outro a decisão de esticar o braço. Mas posso afirmar que se você fizer a sua parte que é tentar a reconciliação, pedir e liberar perdão pelo menos você poderá andar pela vida sem magoa e ira e assim com alegria no peito, já que a felicidade não pode habitar na casa dos rancorosos.
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