ONU pede explicação à Igreja Católica sobre abusos sexuais de menores

Vaticano terá até novembro para responder às perguntas solicitadas na quarta-feira (10)



O Vaticano recebeu uma lista de questionamentos sobre abuso sexual de menores da Comissão dos Direitos das Crianças, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), que quer ter acesso às investigações internas feitas pela Santa Sé, compreendidas entre novembro de 1995 e janeiro de 2014.

A Igreja terá até novembro deste ano (2013) para responder às perguntas solicitadas na quarta-feira (10). A instituição internacional não tem poder de exigir alteração de conduta de um país, mas um relatório negativo poderia ter alto impacto. Uma das requisições da comissão é saber como o Vaticano faz para evitar que padres que cometeram abusos não tenham contato com crianças e o que a Igreja tem feito para garantir que esse tipo de caso seja reportado a polícia.

Além dos abusos sexuais, a comissão também questionou a Igreja sobre um caso de suspeita de trabalho escravo, na Lavanderia Magdalene, localizada na Irlanda, que era gerenciada por freiras. O estabelecimento foi fechado em 1996.

A Comissão dos Direitos das Crianças é um órgão criado pela Convenção de Direitos da Criança, de 1990, da qual o Vaticano é um dos signatários. A Santa Sé já ameaçou, no passado, se retirar da convenção, após sofrer pressão por esclarecimentos. Faz 15 anos que nenhum relatório do tipo solicitado nesta semana é enviado pela Igreja. Em um texto de 2011, postado no site do Vaticano, em outubro de 2012, a Igreja alertava a comissão sobre as reservas legais e de jurisdição desse pacto global.

Em janeiro de 2014, o Vaticano deve participar de uma audiência pública que reforçará os questionamentos por informações detalhadas de todos os casos de abuso sexual cometidos por membros do clero. A audiência já estava prevista, antes da aprovação da data limite para o relatório, que é 1º de novembro.

O Papa Francisco dá sinais de que quer diminuir a tolerância do Vaticano com casos de abuso. Na quinta-feira (11), ele reformou o código penal religioso, detalhando a tipificação de delitos contra menores e reforçando as punições.
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