Emílio Magnago, sócio-diretor da ‘Um entretenimento”- primeira agência brasileira focada no segmento musical cristão – fala sobre as tendências do mercado fonográfico e a parceria de sua empresa com a gravadora Universal Music.
Ele tem 18 anos de carreira, já trabalhou em grandes majors do mercado fonográfico nacional e comandou o departamento comercial da Som Livre por 12 anos. À frente da gerência de vendas desta empresa, ele foi responsável responsável por idealizar a coletânea Promessas - produto pioneiro da gravadora neste segmento - e por apoiar a transformação dessa marca em Festival Promessas e Troféu Promesas - a maior premiação da música cristã brasileira.
Carioca, formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele e seu sócio, Leo Ganem (ex-presidente da Som Livre e Geo Eventos), uniram forças, expertises e fundaram a primeira agência brasileira focada no segmento musical cristão. A empresa, pioneira no país, foi criada com o objetivo de promover eventos e gerenciar, integralmente, a carreira artística de cantores, bandas e grupos cristãos. Além disso, a agência funcionará como um departamento de A&R e marketing da Universal Music - maior gravadora do mundo - sendo responsável pela apresentação de artistas que serão contratados e distribuídos pelo selo Universal Music Christian Group (o mesmo label utilizado nos Estados Unidos), que em breve será lançado no Brasil.
Neste rápido bate-papo, Emílio fala sobre as características do mercado fonográfico dentro do segmento evangélico; das tendências de mercado para os próximos anos e sua percepção acerca do crescimento do consumo digital.
ENTREVISTA:
Por que a Um Entretenimento decidiu focar seus negócios no mercado cristão/religioso?
EMÍLIO - Após nossa experiência com o segmento que Léo e eu tivemos na Som Livre, fizemos grandes amizades e passamos a nos envolver cada vez mais, com o que ocorria no cenário cristão, rompendo vários paradigmas, hoje, bem conhecidos. Esse trabalho, que foi pioneiro e, certamente, foi um divisor de águas no mercado fonográfico, teve como consequência uma aceleração intensa na produção musical cristã e a qualidade desta produção nos impressionou muito.
Qual é o principal diferencial do segmento cristão, quando o assunto é mercado fonográfico?
EMÍLIO – Eu diria que o principal diferencial é que o público responde ao conteúdo, por isso temos tantos cantores e ministérios atuando por tanto tempo de forma sólida. O público espera e exige que a música seja mais que mero entretenimento.
O que mudou no mercado da distribuição fonográfica nestes 18 anos de experiência à frente do departamento comercial da Som Livre? Quais os desafios, demandas e oportunidades que estão por vir?
EMÍLIO – De lá pra cá, obviamente, tudo recai sobre o digital. É a grande mudança, o grande desafio e aonde temos as oportunidades. Acrescento aí também o desafio do crossover da música cristã, o fim das barreiras preconceituosas, tanto para as rádios seculares quanto para marcas patrocinadoras.
Segundo a Revista The Economist, sete anos atrás, 2/3 do faturamento dos artistas era proveniente da venda de CDs e outros produtos. O restante, era proveniente de shows, merchandise, endorsements etc. Hoje, esta proporção está completamente alterada. Diante deste cenário, você considera que o contrato 360º - aquele em que a agência ou gravadora, administra a carreira do artista e tem participação não só nos produtos, mas nos shows, merchandise, endorsements etc - será uma tendência, também, aqui no Brasil?
EMÍLIO – É o que esperamos como Agência. Entretanto, algumas gravadoras vêm tendo dificuldade para implantar esse modelo no Brasil. Afinal, para se pedir 360º de controle, deve-se oferecer algo mais do que o marketing tradicional e esse algo ninguém conseguiu implantar de forma satisfatória. È só olhar para os exemplos do mercado.
Como você enxerga o mercado atual frente às discussões jurídicas sobre downloads livres? Quais serão as estratégias para lidar com isso?
EMÍLIO – A questão vai além da esfera judicial. O download pode se livre e legal, esta é uma prerrogativa do dono do conteúdo. Qualquer coisa fora disso e portanto ilegal, deve ser coibido.
Quais serão os diferenciais na distribuição advinda da parceria entre Um/ Universal?
EMÍLIO – Uniremos o melhor dos dois mundos. A expertise e capilaridade da maior gravadora do mundo com o conhecimento da UM sobre as peculiaridades do segmento.
Qual a sua percepção atual e previsão futura acerca do mercado fonográfico digital no segmento cristão?
EMÍLIO – Irreversivelmente será de crescimento avassalador. As mídias físicas são hoje, facilmente lideradas pelo segmento religioso com raríssimas exceções.
O crescimento da taxa de conversão religiosa também cresce em proporções parecidas - leia-se jovens - e estes colocarão o segmento na ponta do mercado digital amanhã a exemplo do que acontece, hoje, no físico.