Marcelo Rebello idealizador do Salão Internacional Gospel, numa entrevista franca fala sobre números do setor, mercado de feiras e expectativas para a edição de 2014.
1) São mais de 31 anos de conversão, 24 de ministério, 18 anos trabalhando no meio gospel e 3 anos à frente do Salão Internacional Gospel. Que impressões tem a respeito dessa alavancada no crescimento dos evangélicos no Brasil?
Marcelo Rebello: Na última década, os evangélicos se multiplicaram em um ritmo frenético, consequência principalmente do aumento do número de igrejas neo liberais e neo pentecostais e do declínio do catolicismo em nosso país. É uma mudança comportamental e cultural. Uma verdadeira revolução religiosa no Brasil. Ao mesmo tempo, me preocupo com a qualidade teológica deste 'boom'. Nem sempre a quantidade é sinônimo de qualidade. Hoje em dia existe uma grande variedade de denominações e de vertentes e é necessário certo cuidado na hora de escolher onde congregar. Agora, é fato que o crescimento trouxe consigo uma grande oportunidade de transformação e nem todo mundo está preparado para este momento. De uma hora para outra, as pessoas começaram a despertar para a mensagem do evangelho, para o poder da fé e do quanto é bom ser cristão: uma mensagem positiva, que transforma para melhor as pessoas, tanto espiritualmente, quanto socialmente. O perigo, no entanto, está em não deixar que a busca pelo aumento de fiéis perverta a cerne da mensagem, deturpe os valores e nem tampouco abra precedentes para o aproveitamento desmedido da fé alheia em benefício próprio. Há de se aprender muito ainda com este novo quadro. Em um país com mais de 500 anos, há apenas 10 os evangélicos começaram a ter a expressão e a influência perante as demais camadas da sociedade e, como em tudo que é novo, existe a necessidade de adaptação de todos. Mas em linhas gerais vejo com muito bons olhos o meu país ser o celeiro e o local de uma revolução como esta, a longo prazo é uma tendência que haja uma melhoria social, se houver um engajamento real e não superficial dos novos fiéis.
2) Que números interessantes tem sobre esse setor?
Marcelo Rebello: Tenho estudado e pesquisado profundamente o setor evangélico há mais de uma década e, aos poucos, estamos conseguindo compor uma grande base de dados e uma linha confiável de tabulação e análise do perfil desta nova realidade religiosa brasileira. Tanto que este mês servimos como fonte para matéria em um dos mais importantes jornais de economia do Brasil, o Correio Braziliense. Ainda existem muitos dados a serem coletados, mas entre os principais podemos destacar o crescimento a taxas de 14% ao ano do setor, onde são abertos mais de 14.000 templos anualmente em todo o Brasil, que já conta com mais de 220.000 no total, movimentando em torno de R$ 15 bilhões de reais em 2013. Para que se tenha uma ideia da importância econômica dos evangélicos, hoje detém o segundo lugar na venda de CDs e DVDs. Praticamente metade da venda de instrumentos musicais no Brasil é feita para cristãos, movimentando cerca de R$ 330 milhões de reais. Se somarmos venda de discos mais produção de shows Gospel estamos falando de um segmento que movimenta mais de R$ 2 bilhões de reais, gerando emprego, renda e arrecadação de impostos (até porque o índice de pirataria é muito menor que no mercado secular). Isso sem falar do mercado editorial, onde o crescimento também tem sido notado e a cada dia aparecem mais e mais best-sellers, como foi o caso do livro "Casamento Blindado", da Thomas Nelson Brasil, que vendeu mais de 1 milhão de cópias só no ano passado. Enfim, é um grande setor e para nós é uma grande responsabilidade estar à frente da feira que representa um segmento como este, só faz aumentar a busca incessante pela evolução profissional, a seriedade e a sobriedade na administração do evento.
3) Esses últimos 2 anos foram bem confusos pelo aparecimento de muitas feiras. O que acha sobre isso? Do ponto de vista comercial o que significou isso para o setor?
Marcelo Rebello: Realmente, foi bem confuso mesmo! (risos)... O que eu acho? Primeiramente, creio que seja relevante lembrar que estamos falando de um setor da sociedade que leva consigo o nome de Deus. Quando falamos de feira cristã (ou evangélica, ou gospel, o rótulo aí é o que menos importa, estamos falando sempre da mesma coisa) é impossível deixar de lado Jesus Cristo, não é mesmo? Portanto, quando me perguntam sobre isso, minha convicção é que "vai ficar quem Ele permitir". Deus me chamou para estar à frente do Salão Internacional Gospel e agora, caminhando lado a lado com a FLIC e a ASEC, estamos fazendo tudo com foco espiritual em primeiro lugar, cultural e cristão em segundo e, em terceiro, comercial. Ele mandou fazer e nós obedecemos. Os resultados são com o Espírito Santo. Confesso que vou continuar me mantendo à margem desta discussão, esta briga não é minha, é deles! Meu foco é outro: agregar valor ao segmento, auxiliar na capacitação da Igreja de Cristo por meio dos congressos e dos eventos, permitir a aproximação das pessoas com a mensagem de fé e esperança que transforma vidas por meio das performances musicais, culturais e exposições, permitir um ambiente propício para a geração de relacionamento e negócios saudáveis entre os expositores e os visitantes, enfim, cumprir o nosso papel de entregar um evento sério, comprometido com o Reino de Deus, com os representantes locais e com a sociedade como um todo. O ano de 2013 não foi bom, pois uma feira foi desalojada por falta de pagamento e acabou por enterrar de vez a marca, não aconteceu a feira e duvido muito que consigam ressuscitá-la; a outra foi muito ruim e foi apagada de vez do portifólio da emissora carioca, entraram com o intuito de rivalizar, não teve público e mesmo a maioria que ganhou os espaços teve prejuízos (pois tiveram que arcar com a equipe, sensibilizar estoque, pagar passagem, hospedagem, etc); a FLIC foi boa no que diz respeito ao mercado editorial e o Salão Internacional Gospel conseguiu fazer uma boa feira, compacta, com bom público e bom retorno para os expositores e visitantes. Muitas boas empresas e marcas não quiseram expor em nenhuma das quatro feiras... Do ponto de vista comercial é muito ruim esta "invasão" pois causa confusão, retrai os investimentos das empresas e deixa todo mundo desconfiado... Mas, em 2014, com a união da FLIC com o Salão Gospel em uma só feira, temos a oportunidade de fazer certo desta vez. Uma feira centrada nos valores espirituais e com uma equipe formada por executivos cristãos na realização e organizada por uma multinacional, na data mais propícia do ano e com a tranquilidade de ter um histórico de crescimento contínuo, sustentável e sóbrio. É hora de buscarmos a harmonia do setor e não aventuras; as empresas, entidades e ministérios expositores já sofreram muito em 2013. Conclamo a todos para que venham, participem, conheçam melhor e mais profundamente nosso evento e construam conosco uma nova história onde o foco principal é o resgate dos valores cristãos e a união do setor.
4) O segmento evangélico é conhecido muitas vezes pelos números elásticos que apresentam. Algumas feiras falam de expectativa de público de 160 mil pessoas. Qual a sua opinião sobre esses números já que está aliado a Fiera Milano, uma das maiores organizadoras de feiras do mundo?
Marcelo Rebello: Este é um assunto bem polêmico no meio evangélico. Chamo isso de "números evangelásticos". É só fazer conta, gente, matemática é uma ciência exata. Quer um exemplo? O Pavilhão Oeste do Anhembi ou o Vermelho do Expo Center Norte tem em média 19.000 m² no total. Tirando-se disso a área de montagem dos estandes + áreas comuns (credenciamento, sala de imprensa, CAEX, etc), chegamos a um total de 2.500 a 3.000 m² de corredores. Quantas pessoas, ao mesmo tempo, você consegue colocar nestes corredores de uma só vez, em uma hiper lotação, ombro-a-ombro? 3.000 a 3.500?!? E, mesmo que, em uma análise otimista, houvesse a renovação da totalidade deste público, vamos combinar que chegaríamos a 7.000 pessoas por dia no máximo. Bem, se são 6 dias de feira, quantas pessoas?!? 30/40 mil?!? Tudo bem que vivemos em um setor onde milagres como a multiplicação de pães e peixes foram o início do cristianismo, mas só caberiam 160 mil, 200 mil pessoas se os realizadores e organizadores colocarem uns sentados nas cabeças dos outros, em pilhas de 4 pessoas, ao mesmo tempo! Se alguém tirou uma foto dessa, me mandem para atualizar minhas estatísticas, por favor. É muita inocência acreditar nesta falácia. Isso não existe!
5) Fale um pouco sobre a união da FLIC e do Salão Gospel. E que expositores já estão confirmados na planta? É verdade que será gratuita?
Marcelo Rebello: A FLIC e o Salão Internacional Gospel se uniram em prol do segmento em uma só feira, que agrupará em um mesmo lugar, mas com espaços distintos, os editores cristãos, as gravadoras e os instrumentos musicais, resolvendo de vez uma questão antiga no segmento que é a possibilidade de uma feira editorial e musical em um mesmo ambiente, com mesmo foco, mas convivendo de forma harmoniosa, respeitando-se o perfil de cada expositor e visitante, por meio de 2 pavilhões integrados e mais 9 auditórios simultâneos, em formato inovador, realizado por cristãos e organizado por uma das maiores empresas de feiras e congressos do mundo. Esta união foi proporcionada pelo desejo dos realizadores Grupo MR1 e Associação dos Editores Cristãos (ASEC) de disseminar com responsabilidade e comprometimento com o setor e com a Igreja a cultura, a literatura e a música cristã. A feira hoje tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Itália, Índia, Turquia, China, Singapura, África do Sul e Rússia, representando o setor tanto nacional como internacionalmente. Lançamos a feira em 23 de Outubro do ano passado, para a realização de 18 a 20 de Setembro de 2014, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, que em um ano onde há Copa do Mundo e Eleições é a melhor data para uma feira cristã. A feira tem entrada gratuita, sim, desde 2013 que já não cobramos ingressos pois nosso intuito é que todos possam participar. Expositores confirmados? São muitos, graças a Deus: 77 Studio, 88,3 FM Melodia, 100% Cristão, Abramus, Ação & Fé, Adoração & Louvores, AD Santos, AETAL, Ãngulo Produções, Amém Produções, ANLE, APEC, Bastidores do Gospel, CEMIB, Editora dos Clássicos, CONEBRAS, COPAMM, Editora Cristã Evangélica, Duplica Mídia, Espaço Pentecostal, Editora Esperança, Editora Palavra, Editora Vida, Espaço Nordeste Gospel, Exibir Gospel, FAS Adoradores, FEPESP, Faculdade Livre de Música, Fex Bandollero, Fôlego, Folha Apostólica, Geográfica, Rádio Gospel Radical, Grupo RMCom, Hagnos, Hip Hop Store, ICEJ Embaixada de Israel, Idem Produções, Jáfia Editora, Juntos em Cancún, Lamprós, Lar Cristão, Liderança Hoje, Monte Sião, Ludens Spirit, Luz e Vida, Museu da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil, Nutra Publicações, Pregue a Palavra, Pão Diário/RBC, Rádio Pão da Vida, RF Divulgações, Rock Space, Ordem dos Músicos do Brasil, Revista Sacomani, Sampbashop, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, Sinaprem, Sinodal, Instituto Souza Lima, Thomas Nelson Brasil, Ultimato, Universidade da Família, UNIPAS, Vida Nova, Vitrine Cristã, Z3 Ideias, entre outros que já têm suas reservas e que estaremos confirmando em breve.
6) Nesse último mês vocês estiveram nas páginas do Correio Braziliense, do Estado de Minas, no Uol e no passado na Revista Caras, no SBT, na Revista Propaganda, no Valor Econômico, na Folha de São Paulo, entre outros. Qual o segredo dessa grande visibilidade?
Marcelo Rebello: Creio que não haja uma fórmula mágica. Isto é o resultado de um trabalho sério, focado e profissional, feito por uma equipe coesa, com visão correta. Mas, sem dúvida, o maior reflexo desta constante visibilidade é o fato de estarmos sempre dentro da direção de Deus, procurando fazer nosso trabalho sem prejudicar ninguém, não se envolvendo em falcatruas ou escândalos e sem atitudes predatórias. A imprensa tem sido nossa grande parceira e o respeito é mútuo. Nosso trabalho de Assessoria de Imprensa e Marketing para o setor é uma referência há mais de 10 anos, fruto de um comprometimento com a causa espiritual e o reconhecimento de que é um projeto sério e idôneo. Procuramos sempre ser criativos em nossas ações de comunicação, falar sempre a verdade (mesmo quando não é bom - rsrs) e passar para a imprensa informações e números embasados em institutos e fontes confiáveis, utilizando técnicas e métodos modernos nas pesquisas e depuração de dados. Enfim, é um reflexo de um trabalho duro e profissional. Aqui não tem aventureiro. Esta história que tem que vir alguém de fora para fazer as coisas no setor cristão é balela! Tem muita gente boa aqui, assim como tem gente ruim também em todos os outros setores. É natural isso. Agora, jamais perderemos o foco espiritual por causa de dinheiro ou fama, isso são valores terrenos e nosso maior tesouro encontra-se guardado nas regiões celestiais. Não estamos trabalhando por ser uma boa onda que apareceu ou por ter sido vomitados de outros mercados por falta de competência, estamos nessa por vocação.
7) Vocês são concorrentes de outras feiras evangélicas? Em recente entrevista a Folha de São Paulo a atual organização de uma delas respondeu que são mais abrangentes... O que acha sobre isso?
Marcelo Rebello: Bem, é só ler toda a entrevista e vai ter uma grande noção da credibilidade de quem deu a declaração... A linguagem e postura falam por si só! Ano passado, por exemplo, não fomos concorrentes: o Salão Gospel aconteceu em Abril e a outra foi cancelada por falta de pagamento. Não dá para concorrer com algo que não existe. Abrangência tem vários sentidos, se vermos no dicionário. Se ele quis dizer abrangência no sentido de "apoderar-se da ideia de outros" é capaz que tenha tido êxito no conceito. Para ser sincero, não penso muito nisso, não. Cada um fala o que quer e acredita quem quiser. É só analisar a retórica para entender que o descrédito e o desespero andam juntos e são fiéis companheiros. Meu foco no momento é fazer uma boa feira, com seriedade e profissionalismo. Grande parte das maiores e melhores empresas do segmento já fecharam conosco por entenderem que a nossa proposta é a mais viável no momento. No final de Setembro é que se poderá falar em abrangência. Por enquanto, vamos falar da terceira edição consecutiva da FLIC SALÃO GOSPEL?!?
8) Quais diferenciais a III FLIC SALÃO GOSPEL apresenta?
Marcelo Rebello: São vários. A questão do foco, da manutenção dos valores cristãos como prioridade, no relacionamento saudável com todos do setor e o formato: são dois pavilhões interligados, mas independentes entre si, mais 9 auditórios simultâneos, com uma entrada única e uma só saída. Ou seja, a pessoa vai poder entrar no evento e ter contato com a tranquilidade do segmento editorial, depois, entrar em contato com o segmento musical, midiático e ministerial, tudo em harmonia. Desde a primeira edição do Salão Gospel que a área de exposições é exclusiva para a exposição de produtos e serviços e os auditórios concentram as performances musicais, de dança, teatro e cultura. Isto possibilita a tranquilidade para que se troquem experiências entre os expositores e visitantes e se fechem bons negócios e parcerias, aliados à dinâmica de eventos paralelos simultâneos nos auditórios, onde de 30 em 30 minutos são trocadas as atrações, sem que um atrapalhe o outro. Vamos manter este formato e ampliar a harmonia na união das duas feiras este ano. Palestras, congressos, exposições culturais e um mix variado de atrações. Abertura do setor para novos talentos como prioridade. Falicitação no acesso: a feira tem visitação gratuita para todos. Melhor aproveitamento do calendário: data correta, 3 dias intensos ao invés de 5 ou 6 dispersos. Estrutura adequada. Menor preço do mercado com o melhor pacote. Além disso, o maior diferencial é a presença de Deus e a transformação das pessoas nos corredores do pavilhão.
9) O que acha sobre forasteiros e aproveitadores que tentam se infiltrar no meio cristão. Como lida com isso ?
Marcelo Rebello: Isso está na Bíblia e foi previsto por Jesus há mais de 2.000 anos. O joio e o trigo convivendo no mesmo espaço até que Ele volte para buscar aqueles que são seus. Não me causa surpresa as tentativas dos lobos-maus. O que me causa estranheza é o fato de muitos líderes e empresários de renome, pessoas que dizem levar a Palavra de Deus e serem seus arautos, serem enganadas e fazerem alianças com estas pessoas. Isto sim é que deveria ser objeto de espanto! Um dia as máscaras cairão e quem estiver com estes sofrerão as consequências. É uma guerra travada no mundo espiritual também, não é "apenas business" como alguns querem que acreditemos. Não dá para fugir disso em se tratando de setor cristão. As justificativas e jargões utilizados como "quem não é contra nós é por nós" já não colam. O fato é que isso atrapalha um pouco quem quer fazer a coisa do jeito certo. O setor evangélico não precisa de gente de fora para ser profissional. Se fosse assim, não seríamos hoje a feira cristã com maior exposição na mídia e maior taxa de crescimento de todos os tempos em apenas três anos... Na verdade, o caminho é inverso. Temos visto e ouvido falar de pessoas que não deram certo em outros mercados e setores, que vivem de promessas e mentiras, mas que entram no mercado evangélico para tentar sugar e prometendo coisas que não foi capaz de fazer quando teve chance. É a mesma equipe que não deu certo com outro nome, apenas isso. Disse num artigo recente para uma revista e volto a repetir que não adianta aumentar o volume, os clientes e o setor não são surdos, o que precisa é tocar a música certa!
10) O que o público pode esperar da III FLIC SALÃO GOSPEL EM 2014?
Marcelo Rebello: Uma feira cristã, feita por cristãos unidos em uma só fé. Grandes expositores e marcas, bons produtos e serviços, boas palestras, congressos, performances musicais, de dança, teatro, cinema, exposições culturais, grandes oportunidades de comunhão e de relacionamento. Um clima agradável, despojado. Muito critério e profissionalismo nos detalhes, muito trabalho duro para entregar uma feira que seja uma grande oportunidade para as empresas e pessoas que querem se comunicar de forma eficaz com este promissor segmento, onde o céu parece ser o limite para se fechar bons contatos, mas sem jamais perder o foco principal: a união e o amor em torno da fé em Jesus Cristo! Resumindo: o público vai poder, gratuitamente, visitar a feira e sair diferente da forma que entrou!
1) São mais de 31 anos de conversão, 24 de ministério, 18 anos trabalhando no meio gospel e 3 anos à frente do Salão Internacional Gospel. Que impressões tem a respeito dessa alavancada no crescimento dos evangélicos no Brasil?
Marcelo Rebello: Na última década, os evangélicos se multiplicaram em um ritmo frenético, consequência principalmente do aumento do número de igrejas neo liberais e neo pentecostais e do declínio do catolicismo em nosso país. É uma mudança comportamental e cultural. Uma verdadeira revolução religiosa no Brasil. Ao mesmo tempo, me preocupo com a qualidade teológica deste 'boom'. Nem sempre a quantidade é sinônimo de qualidade. Hoje em dia existe uma grande variedade de denominações e de vertentes e é necessário certo cuidado na hora de escolher onde congregar. Agora, é fato que o crescimento trouxe consigo uma grande oportunidade de transformação e nem todo mundo está preparado para este momento. De uma hora para outra, as pessoas começaram a despertar para a mensagem do evangelho, para o poder da fé e do quanto é bom ser cristão: uma mensagem positiva, que transforma para melhor as pessoas, tanto espiritualmente, quanto socialmente. O perigo, no entanto, está em não deixar que a busca pelo aumento de fiéis perverta a cerne da mensagem, deturpe os valores e nem tampouco abra precedentes para o aproveitamento desmedido da fé alheia em benefício próprio. Há de se aprender muito ainda com este novo quadro. Em um país com mais de 500 anos, há apenas 10 os evangélicos começaram a ter a expressão e a influência perante as demais camadas da sociedade e, como em tudo que é novo, existe a necessidade de adaptação de todos. Mas em linhas gerais vejo com muito bons olhos o meu país ser o celeiro e o local de uma revolução como esta, a longo prazo é uma tendência que haja uma melhoria social, se houver um engajamento real e não superficial dos novos fiéis.
2) Que números interessantes tem sobre esse setor?
Marcelo Rebello: Tenho estudado e pesquisado profundamente o setor evangélico há mais de uma década e, aos poucos, estamos conseguindo compor uma grande base de dados e uma linha confiável de tabulação e análise do perfil desta nova realidade religiosa brasileira. Tanto que este mês servimos como fonte para matéria em um dos mais importantes jornais de economia do Brasil, o Correio Braziliense. Ainda existem muitos dados a serem coletados, mas entre os principais podemos destacar o crescimento a taxas de 14% ao ano do setor, onde são abertos mais de 14.000 templos anualmente em todo o Brasil, que já conta com mais de 220.000 no total, movimentando em torno de R$ 15 bilhões de reais em 2013. Para que se tenha uma ideia da importância econômica dos evangélicos, hoje detém o segundo lugar na venda de CDs e DVDs. Praticamente metade da venda de instrumentos musicais no Brasil é feita para cristãos, movimentando cerca de R$ 330 milhões de reais. Se somarmos venda de discos mais produção de shows Gospel estamos falando de um segmento que movimenta mais de R$ 2 bilhões de reais, gerando emprego, renda e arrecadação de impostos (até porque o índice de pirataria é muito menor que no mercado secular). Isso sem falar do mercado editorial, onde o crescimento também tem sido notado e a cada dia aparecem mais e mais best-sellers, como foi o caso do livro "Casamento Blindado", da Thomas Nelson Brasil, que vendeu mais de 1 milhão de cópias só no ano passado. Enfim, é um grande setor e para nós é uma grande responsabilidade estar à frente da feira que representa um segmento como este, só faz aumentar a busca incessante pela evolução profissional, a seriedade e a sobriedade na administração do evento.
3) Esses últimos 2 anos foram bem confusos pelo aparecimento de muitas feiras. O que acha sobre isso? Do ponto de vista comercial o que significou isso para o setor?
Marcelo Rebello: Realmente, foi bem confuso mesmo! (risos)... O que eu acho? Primeiramente, creio que seja relevante lembrar que estamos falando de um setor da sociedade que leva consigo o nome de Deus. Quando falamos de feira cristã (ou evangélica, ou gospel, o rótulo aí é o que menos importa, estamos falando sempre da mesma coisa) é impossível deixar de lado Jesus Cristo, não é mesmo? Portanto, quando me perguntam sobre isso, minha convicção é que "vai ficar quem Ele permitir". Deus me chamou para estar à frente do Salão Internacional Gospel e agora, caminhando lado a lado com a FLIC e a ASEC, estamos fazendo tudo com foco espiritual em primeiro lugar, cultural e cristão em segundo e, em terceiro, comercial. Ele mandou fazer e nós obedecemos. Os resultados são com o Espírito Santo. Confesso que vou continuar me mantendo à margem desta discussão, esta briga não é minha, é deles! Meu foco é outro: agregar valor ao segmento, auxiliar na capacitação da Igreja de Cristo por meio dos congressos e dos eventos, permitir a aproximação das pessoas com a mensagem de fé e esperança que transforma vidas por meio das performances musicais, culturais e exposições, permitir um ambiente propício para a geração de relacionamento e negócios saudáveis entre os expositores e os visitantes, enfim, cumprir o nosso papel de entregar um evento sério, comprometido com o Reino de Deus, com os representantes locais e com a sociedade como um todo. O ano de 2013 não foi bom, pois uma feira foi desalojada por falta de pagamento e acabou por enterrar de vez a marca, não aconteceu a feira e duvido muito que consigam ressuscitá-la; a outra foi muito ruim e foi apagada de vez do portifólio da emissora carioca, entraram com o intuito de rivalizar, não teve público e mesmo a maioria que ganhou os espaços teve prejuízos (pois tiveram que arcar com a equipe, sensibilizar estoque, pagar passagem, hospedagem, etc); a FLIC foi boa no que diz respeito ao mercado editorial e o Salão Internacional Gospel conseguiu fazer uma boa feira, compacta, com bom público e bom retorno para os expositores e visitantes. Muitas boas empresas e marcas não quiseram expor em nenhuma das quatro feiras... Do ponto de vista comercial é muito ruim esta "invasão" pois causa confusão, retrai os investimentos das empresas e deixa todo mundo desconfiado... Mas, em 2014, com a união da FLIC com o Salão Gospel em uma só feira, temos a oportunidade de fazer certo desta vez. Uma feira centrada nos valores espirituais e com uma equipe formada por executivos cristãos na realização e organizada por uma multinacional, na data mais propícia do ano e com a tranquilidade de ter um histórico de crescimento contínuo, sustentável e sóbrio. É hora de buscarmos a harmonia do setor e não aventuras; as empresas, entidades e ministérios expositores já sofreram muito em 2013. Conclamo a todos para que venham, participem, conheçam melhor e mais profundamente nosso evento e construam conosco uma nova história onde o foco principal é o resgate dos valores cristãos e a união do setor.
4) O segmento evangélico é conhecido muitas vezes pelos números elásticos que apresentam. Algumas feiras falam de expectativa de público de 160 mil pessoas. Qual a sua opinião sobre esses números já que está aliado a Fiera Milano, uma das maiores organizadoras de feiras do mundo?
Marcelo Rebello: Este é um assunto bem polêmico no meio evangélico. Chamo isso de "números evangelásticos". É só fazer conta, gente, matemática é uma ciência exata. Quer um exemplo? O Pavilhão Oeste do Anhembi ou o Vermelho do Expo Center Norte tem em média 19.000 m² no total. Tirando-se disso a área de montagem dos estandes + áreas comuns (credenciamento, sala de imprensa, CAEX, etc), chegamos a um total de 2.500 a 3.000 m² de corredores. Quantas pessoas, ao mesmo tempo, você consegue colocar nestes corredores de uma só vez, em uma hiper lotação, ombro-a-ombro? 3.000 a 3.500?!? E, mesmo que, em uma análise otimista, houvesse a renovação da totalidade deste público, vamos combinar que chegaríamos a 7.000 pessoas por dia no máximo. Bem, se são 6 dias de feira, quantas pessoas?!? 30/40 mil?!? Tudo bem que vivemos em um setor onde milagres como a multiplicação de pães e peixes foram o início do cristianismo, mas só caberiam 160 mil, 200 mil pessoas se os realizadores e organizadores colocarem uns sentados nas cabeças dos outros, em pilhas de 4 pessoas, ao mesmo tempo! Se alguém tirou uma foto dessa, me mandem para atualizar minhas estatísticas, por favor. É muita inocência acreditar nesta falácia. Isso não existe!
5) Fale um pouco sobre a união da FLIC e do Salão Gospel. E que expositores já estão confirmados na planta? É verdade que será gratuita?
Marcelo Rebello: A FLIC e o Salão Internacional Gospel se uniram em prol do segmento em uma só feira, que agrupará em um mesmo lugar, mas com espaços distintos, os editores cristãos, as gravadoras e os instrumentos musicais, resolvendo de vez uma questão antiga no segmento que é a possibilidade de uma feira editorial e musical em um mesmo ambiente, com mesmo foco, mas convivendo de forma harmoniosa, respeitando-se o perfil de cada expositor e visitante, por meio de 2 pavilhões integrados e mais 9 auditórios simultâneos, em formato inovador, realizado por cristãos e organizado por uma das maiores empresas de feiras e congressos do mundo. Esta união foi proporcionada pelo desejo dos realizadores Grupo MR1 e Associação dos Editores Cristãos (ASEC) de disseminar com responsabilidade e comprometimento com o setor e com a Igreja a cultura, a literatura e a música cristã. A feira hoje tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Itália, Índia, Turquia, China, Singapura, África do Sul e Rússia, representando o setor tanto nacional como internacionalmente. Lançamos a feira em 23 de Outubro do ano passado, para a realização de 18 a 20 de Setembro de 2014, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, que em um ano onde há Copa do Mundo e Eleições é a melhor data para uma feira cristã. A feira tem entrada gratuita, sim, desde 2013 que já não cobramos ingressos pois nosso intuito é que todos possam participar. Expositores confirmados? São muitos, graças a Deus: 77 Studio, 88,3 FM Melodia, 100% Cristão, Abramus, Ação & Fé, Adoração & Louvores, AD Santos, AETAL, Ãngulo Produções, Amém Produções, ANLE, APEC, Bastidores do Gospel, CEMIB, Editora dos Clássicos, CONEBRAS, COPAMM, Editora Cristã Evangélica, Duplica Mídia, Espaço Pentecostal, Editora Esperança, Editora Palavra, Editora Vida, Espaço Nordeste Gospel, Exibir Gospel, FAS Adoradores, FEPESP, Faculdade Livre de Música, Fex Bandollero, Fôlego, Folha Apostólica, Geográfica, Rádio Gospel Radical, Grupo RMCom, Hagnos, Hip Hop Store, ICEJ Embaixada de Israel, Idem Produções, Jáfia Editora, Juntos em Cancún, Lamprós, Lar Cristão, Liderança Hoje, Monte Sião, Ludens Spirit, Luz e Vida, Museu da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil, Nutra Publicações, Pregue a Palavra, Pão Diário/RBC, Rádio Pão da Vida, RF Divulgações, Rock Space, Ordem dos Músicos do Brasil, Revista Sacomani, Sampbashop, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, Sinaprem, Sinodal, Instituto Souza Lima, Thomas Nelson Brasil, Ultimato, Universidade da Família, UNIPAS, Vida Nova, Vitrine Cristã, Z3 Ideias, entre outros que já têm suas reservas e que estaremos confirmando em breve.
6) Nesse último mês vocês estiveram nas páginas do Correio Braziliense, do Estado de Minas, no Uol e no passado na Revista Caras, no SBT, na Revista Propaganda, no Valor Econômico, na Folha de São Paulo, entre outros. Qual o segredo dessa grande visibilidade?
Marcelo Rebello: Creio que não haja uma fórmula mágica. Isto é o resultado de um trabalho sério, focado e profissional, feito por uma equipe coesa, com visão correta. Mas, sem dúvida, o maior reflexo desta constante visibilidade é o fato de estarmos sempre dentro da direção de Deus, procurando fazer nosso trabalho sem prejudicar ninguém, não se envolvendo em falcatruas ou escândalos e sem atitudes predatórias. A imprensa tem sido nossa grande parceira e o respeito é mútuo. Nosso trabalho de Assessoria de Imprensa e Marketing para o setor é uma referência há mais de 10 anos, fruto de um comprometimento com a causa espiritual e o reconhecimento de que é um projeto sério e idôneo. Procuramos sempre ser criativos em nossas ações de comunicação, falar sempre a verdade (mesmo quando não é bom - rsrs) e passar para a imprensa informações e números embasados em institutos e fontes confiáveis, utilizando técnicas e métodos modernos nas pesquisas e depuração de dados. Enfim, é um reflexo de um trabalho duro e profissional. Aqui não tem aventureiro. Esta história que tem que vir alguém de fora para fazer as coisas no setor cristão é balela! Tem muita gente boa aqui, assim como tem gente ruim também em todos os outros setores. É natural isso. Agora, jamais perderemos o foco espiritual por causa de dinheiro ou fama, isso são valores terrenos e nosso maior tesouro encontra-se guardado nas regiões celestiais. Não estamos trabalhando por ser uma boa onda que apareceu ou por ter sido vomitados de outros mercados por falta de competência, estamos nessa por vocação.
7) Vocês são concorrentes de outras feiras evangélicas? Em recente entrevista a Folha de São Paulo a atual organização de uma delas respondeu que são mais abrangentes... O que acha sobre isso?
Marcelo Rebello: Bem, é só ler toda a entrevista e vai ter uma grande noção da credibilidade de quem deu a declaração... A linguagem e postura falam por si só! Ano passado, por exemplo, não fomos concorrentes: o Salão Gospel aconteceu em Abril e a outra foi cancelada por falta de pagamento. Não dá para concorrer com algo que não existe. Abrangência tem vários sentidos, se vermos no dicionário. Se ele quis dizer abrangência no sentido de "apoderar-se da ideia de outros" é capaz que tenha tido êxito no conceito. Para ser sincero, não penso muito nisso, não. Cada um fala o que quer e acredita quem quiser. É só analisar a retórica para entender que o descrédito e o desespero andam juntos e são fiéis companheiros. Meu foco no momento é fazer uma boa feira, com seriedade e profissionalismo. Grande parte das maiores e melhores empresas do segmento já fecharam conosco por entenderem que a nossa proposta é a mais viável no momento. No final de Setembro é que se poderá falar em abrangência. Por enquanto, vamos falar da terceira edição consecutiva da FLIC SALÃO GOSPEL?!?
8) Quais diferenciais a III FLIC SALÃO GOSPEL apresenta?
Marcelo Rebello: São vários. A questão do foco, da manutenção dos valores cristãos como prioridade, no relacionamento saudável com todos do setor e o formato: são dois pavilhões interligados, mas independentes entre si, mais 9 auditórios simultâneos, com uma entrada única e uma só saída. Ou seja, a pessoa vai poder entrar no evento e ter contato com a tranquilidade do segmento editorial, depois, entrar em contato com o segmento musical, midiático e ministerial, tudo em harmonia. Desde a primeira edição do Salão Gospel que a área de exposições é exclusiva para a exposição de produtos e serviços e os auditórios concentram as performances musicais, de dança, teatro e cultura. Isto possibilita a tranquilidade para que se troquem experiências entre os expositores e visitantes e se fechem bons negócios e parcerias, aliados à dinâmica de eventos paralelos simultâneos nos auditórios, onde de 30 em 30 minutos são trocadas as atrações, sem que um atrapalhe o outro. Vamos manter este formato e ampliar a harmonia na união das duas feiras este ano. Palestras, congressos, exposições culturais e um mix variado de atrações. Abertura do setor para novos talentos como prioridade. Falicitação no acesso: a feira tem visitação gratuita para todos. Melhor aproveitamento do calendário: data correta, 3 dias intensos ao invés de 5 ou 6 dispersos. Estrutura adequada. Menor preço do mercado com o melhor pacote. Além disso, o maior diferencial é a presença de Deus e a transformação das pessoas nos corredores do pavilhão.
9) O que acha sobre forasteiros e aproveitadores que tentam se infiltrar no meio cristão. Como lida com isso ?
Marcelo Rebello: Isso está na Bíblia e foi previsto por Jesus há mais de 2.000 anos. O joio e o trigo convivendo no mesmo espaço até que Ele volte para buscar aqueles que são seus. Não me causa surpresa as tentativas dos lobos-maus. O que me causa estranheza é o fato de muitos líderes e empresários de renome, pessoas que dizem levar a Palavra de Deus e serem seus arautos, serem enganadas e fazerem alianças com estas pessoas. Isto sim é que deveria ser objeto de espanto! Um dia as máscaras cairão e quem estiver com estes sofrerão as consequências. É uma guerra travada no mundo espiritual também, não é "apenas business" como alguns querem que acreditemos. Não dá para fugir disso em se tratando de setor cristão. As justificativas e jargões utilizados como "quem não é contra nós é por nós" já não colam. O fato é que isso atrapalha um pouco quem quer fazer a coisa do jeito certo. O setor evangélico não precisa de gente de fora para ser profissional. Se fosse assim, não seríamos hoje a feira cristã com maior exposição na mídia e maior taxa de crescimento de todos os tempos em apenas três anos... Na verdade, o caminho é inverso. Temos visto e ouvido falar de pessoas que não deram certo em outros mercados e setores, que vivem de promessas e mentiras, mas que entram no mercado evangélico para tentar sugar e prometendo coisas que não foi capaz de fazer quando teve chance. É a mesma equipe que não deu certo com outro nome, apenas isso. Disse num artigo recente para uma revista e volto a repetir que não adianta aumentar o volume, os clientes e o setor não são surdos, o que precisa é tocar a música certa!
10) O que o público pode esperar da III FLIC SALÃO GOSPEL EM 2014?
Marcelo Rebello: Uma feira cristã, feita por cristãos unidos em uma só fé. Grandes expositores e marcas, bons produtos e serviços, boas palestras, congressos, performances musicais, de dança, teatro, cinema, exposições culturais, grandes oportunidades de comunhão e de relacionamento. Um clima agradável, despojado. Muito critério e profissionalismo nos detalhes, muito trabalho duro para entregar uma feira que seja uma grande oportunidade para as empresas e pessoas que querem se comunicar de forma eficaz com este promissor segmento, onde o céu parece ser o limite para se fechar bons contatos, mas sem jamais perder o foco principal: a união e o amor em torno da fé em Jesus Cristo! Resumindo: o público vai poder, gratuitamente, visitar a feira e sair diferente da forma que entrou!
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