O capixaba de 35 anos é um dos fenômenos mais recentes do emergente e ainda pouco visível universo gospel. Paralelos ao "mainstream", seus quatro primeiros álbuns solo acumulam nada menos do que 12 certificados de ouro platina, ouro e diamante, além de três nomeações ao Grammy Latino.
Anderson também é compositor, ao contrário de boa parte dos cantores do meio. Estrelas como Aline Barros, Fernanda Brum e Damares já interpretaram suas músicas, ajudando a torná-lo o segundo brasileiro que mais lucrou com direitos autorais via execuções em rádios em 2015. Shows? Muitos, em várias partes do Brasil, quase sempre abarrotados.
Na comparação com a música secular (sem temática religiosa) —e aí entra dose de "licença poética"—, ele seria uma espécie de cruzamento entre Sorocaba e Wesley Safadão.
"Sinceramente, fiquei feliz e surpreso com a indicação. Acho que ainda não existe tanto espaço para o gospel em geral. O que é uma pena, porque essa é uma música de extrema qualidade", lamenta ao UOL por telefone.
"Mas estar no 'Troféu Imprensa' já é uma oportunidade de chegarmos a um cenário mais respeitado, que tem uma parte técnica mais apurada, digamos assim. Ainda falta um pouco para conseguirmos isso. Mas tenho certeza que esse momento está chegando."
Ex-vocalista do grupo Giom, formado com seus três irmãos, Anderson foi descoberto há oito anos pela cantora fluminense Cassiane. Foi ela que o apresentou a Aline Barros e à MK Music, maior gravadora de música religiosa no país. As letras diretas e o vozeirão impostado impressionaram.
- Do sertanejo à black music
Com o terreno azeitado pelo Giom, Anderson se alçou solo em 2011 com o álbum "Identidade", inteiramente autoral. Com participação da cantora Bruna Karla, o trabalho cristalizou um estilo marcado por elementos pop, inclusive vindos do sertanejo, e, principalmente, da música negra americana.
"Uma parte da nossa família veio do interior. Quando aprendi a cantar, a gente era cantor de sertanejo. Só que lá na roça meu avô era fã de Michael Jackson. Meu irmão começava a dançar aqueles breaks e cantar aquelas coisas maneiras, e eu ia na onda", lembra Anderson, admirador de nomes gospel que migraram para o secular, como Whitney Houston.
Falar de astros globais parece não mexer com a cabeça dele, temente a Deus e à ideia de que tudo na vida é como o sucesso, passa rápido. "Você tem que saber que fama é como um comprimido que você toma. O efeito acaba depois. E eu me preparei para isso. Acho que sucesso é ser feliz", filosofa o cantor, que nasceu na Cachoeiro do Itapemirim de Roberto Carlos, onde ainda vive.
"Muitas nos comparam. Acho engraçado, e às vezes finjo que nem ouço. Mas como é que vou julgar as pessoas? Sendo rei na minha casa, com minha mulher, que é minha rainha, e meu filho, que é meu príncipe, está bom demais", brinca o provável futuro "popstor". "Eu sou missionário, participo de cultos. Mas não tem jeito. Todos pedem para eu virar pastor. Vai acabar acontecendo."