Anderson Freire surpreende, indicado ao prêmio de cantor do ano ao lado de Luan Santana e Lucas Lucco


Um nome causou estranheza em Silvio Santos na última edição do "Troféu Imprensa", exibida neste domingo (22). Indicado pelo público ao prêmio de cantor do ano ao lado de Luan Santana e Lucas Lucco, Anderson Freire fez o apresentador se indagar no momento em que anunciava os concorrentes. "Esse eu não conheço", admitiu Silvio. E ele não está sozinho.

O capixaba de 35 anos é um dos fenômenos mais recentes do emergente e ainda pouco visível universo gospel. Paralelos ao "mainstream", seus quatro primeiros álbuns solo acumulam nada menos do que 12 certificados de ouro platina, ouro e diamante, além de três nomeações ao Grammy Latino.

Anderson também é compositor, ao contrário de boa parte dos cantores do meio. Estrelas como Aline Barros, Fernanda Brum e Damares já interpretaram suas músicas, ajudando a torná-lo o segundo brasileiro que mais lucrou com direitos autorais via execuções em rádios em 2015. Shows? Muitos, em várias partes do Brasil, quase sempre abarrotados.

Na comparação com a música secular (sem temática religiosa) —e aí entra dose de "licença poética"—, ele seria uma espécie de cruzamento entre Sorocaba e Wesley Safadão.

"Sinceramente, fiquei feliz e surpreso com a indicação. Acho que ainda não existe tanto espaço para o gospel em geral. O que é uma pena, porque essa é uma música de extrema qualidade", lamenta ao UOL por telefone.

"Mas estar no 'Troféu Imprensa' já é uma oportunidade de chegarmos a um cenário mais respeitado, que tem uma parte técnica mais apurada, digamos assim. Ainda falta um pouco para conseguirmos isso. Mas tenho certeza que esse momento está chegando."

Ex-vocalista do grupo Giom, formado com seus três irmãos, Anderson foi descoberto há oito anos pela cantora fluminense Cassiane. Foi ela que o apresentou a Aline Barros e à MK Music, maior gravadora de música religiosa no país. As letras diretas e o vozeirão impostado impressionaram.



  • Do sertanejo à black music


Com o terreno azeitado pelo Giom, Anderson se alçou solo em 2011 com o álbum "Identidade", inteiramente autoral. Com participação da cantora Bruna Karla, o trabalho cristalizou um estilo marcado por elementos pop, inclusive vindos do sertanejo, e, principalmente, da música negra americana.

"Uma parte da nossa família veio do interior. Quando aprendi a cantar, a gente era cantor de sertanejo. Só que lá na roça meu avô era fã de Michael Jackson. Meu irmão começava a dançar aqueles breaks e cantar aquelas coisas maneiras, e eu ia na onda", lembra Anderson, admirador de nomes gospel que migraram para o secular, como Whitney Houston.

Falar de astros globais parece não mexer com a cabeça dele, temente a Deus e à ideia de que tudo na vida é como o sucesso, passa rápido. "Você tem que saber que fama é como um comprimido que você toma. O efeito acaba depois. E eu me preparei para isso. Acho que sucesso é ser feliz", filosofa o cantor, que nasceu na Cachoeiro do Itapemirim de Roberto Carlos, onde ainda vive.

"Muitas nos comparam. Acho engraçado, e às vezes finjo que nem ouço. Mas como é que vou julgar as pessoas? Sendo rei na minha casa, com minha mulher, que é minha rainha, e meu filho, que é meu príncipe, está bom demais", brinca o provável futuro "popstor". "Eu sou missionário, participo de cultos. Mas não tem jeito. Todos pedem para eu virar pastor. Vai acabar acontecendo."

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