Durante séculos, batismo e comunhão, considerados ordenanças fundamentais do evangelho, mostravam como a vida cristã era vivida em comunidade. Contudo, a Igreja Nacional da Escócia está debatendo a possibilidade que esses rituais poderiam ser feitos on-line pela primeira vez na história.
A ideia é dar um ar mais “moderno” à denominação que enfrenta grande queda no número de membros nas últimas décadas.
A proposta, que está sendo debatida pelos membros da Assembleia Geral inclui o aumento na transmissão dos cultos pela internet, prática já comum em algumas comunidades de fé. Além disso, um documento apresentado aos membros da liderança sugere que seja dado direito de voto nas reuniões administrativas para pessoas que só participam da igreja de modo virtual.
Esses tópicos enfrentam pouca resistência na Comissão que analisará o assunto. Contudo, a maioria já se manifestou contrária a oferecer batismo e ceia a quem não está “fisicamente presente na congregação”. Embora seja parte do Reino Unido, a Igreja da Escócia é reformada e não anglicana. Sua teologia é identificada com a corrente calvinista presbiteriana.
“Vivemos numa época em que algumas das regras antigas estão rapidamente se tornando defasadas, por isso a [comissão] acredita que é hora da Igreja realizar uma vasta revisão de suas práticas, pois a vida da igreja também é impactada pela utilização massiva de novas tecnologias”, afirma o comunicado oficial da denominação.
Reconhecendo que vem perdendo membros anualmente, estima que a membresia encolheu em quase um terço na última década. O debate proposto agora é como oferecer às pessoas maneiras de manter ‘laços fortes’ através de nova tecnologia.
Norman Smith, vice-presidente do Conselho de Missão e Discipulado, defende a necessidade de uma “boa discussão” sobre as implicações teológicas e práticas. Porém, acredita que existem muitas pessoas que praticam sua fé cristã fora das paredes dos templos e fazer mudanças provaria que a Igreja “não ficou parada no tempo”.
Existem alguns opositores barulhentos. O pastor David Robertson chamou a ideia de batismo on-line de “ridícula”. Comparou a ideia com a possibilidade de se realizar um casamento sem os noivos estarem fisicamente no local. Denuncia ainda que é um “truque barato” da liderança denominacional de tentar aumentar artificialmente o seu número de membros.