Em um bate-papo com o iG, a cantora relembra sua transformação do caminhoneiro Bruno Souza em Mulher Abacaxi. Para se tornar Marcela Porto, a funkeira investiu mais de R$ 60 mil em plásticas e próteses. Entre silicones e cirurgias, fez lipoescultura no abdômen e nas costas; afinou o nariz três vezes; puxou os olhos e aumentou o bumbum para dar vida à sua nova identidade.
Dona de uma frota de caminhões em Duque de Caxias, Marcela lembra que se sentia intimidada por outros homens e até mesmo mulheres lésbicas nos tempos de caminhoneira. "Eu tinha que usar uma tala para esconder os seios. Me sentia um sapatão. Agora não, sou mulher 24 horas por dia", comemora. Apesar do assédio, a mulher-fruta afirma que não sofre preconceito dos caminhoneiros. "Todos me respeitam. E eu não trabalho toda montada, né?! Vou de calça jeans e tênis".
Aproveitando a repaginada no visual, Mulher Abacaxi pretende se dedicar mais à carreira artística. Depois de fazer sucesso no funk com o Furacão 2000, a cantora quer realizar o sonho de gravar um CD gospel. Polêmicas a parte, ela afirma ter uma relação muito íntima com a religião. "Eu sou de uma família de caminhoneiros e evangélicos. Sempre tive afinidade com a igreja. Mesmo cantando funk, eu gosto de escutar música evangélica e orar. Gosto muito de escutar a palavra de Deus, sou muito ligada a Ele".
Prestes a lançar um clipe produzido por KondZilla, Marcela garante: "Eu não vou largar o funk, mas quero trabalhar nesse projeto novo também. Tenho medo do povo não aceitar, mas vou em frente". Se por um lado ela teme a repercussão entre o público conservador, por outro a cantora comemora o bom relacionamento que mantém com os fiéis da igreja. "Eu tive muito medo de frequentar a igreja protestante e não ser recebida por ser trans. A única igreja que me tratou bem, que não tentou me exorcizar e disse que eu era coisa do diabo foi a Universal. Lá sou muito bem tratada por todos e ninguém me chama de homem. Fiz muitos amigos. Cada um é feliz do seu jeito, o que importa é o que temos no coração. ".
Com uma boa relação dentro da comunidade evangélica, Marcela Porto evita fazer críticas sobre religião, mas não consegue esconder sua aversão pelo pastor Silas Malafaia. "Eu não tenho problema nenhum com a igreja, mas se tem uma pessoa que eu não me adapto é o Malafaia. Ele é muito crítico à comunidade LGBT, não iria nunca na igreja dele. Se ele é assim como líder, imagina no resto?".
Tags
NOTÍCIAS